Um texto sobre a liberdade de escolher saberes e sabores
Saberes
e sabores em livros e mesas.
PDF
559
A noite ainda não tinha
chegado. O Sol ainda se permitia os últimos raios no final do dia. E com as
ideias apoquentadas, a mágica de Oz Any chegou apressada, aperreada, estava
avexada. E sem check-list, parece que ela havia esquecido, de fazer ou trazer.
Arregaçou as mangas, e começou o arranca rabo. Estica dali, arrasta daqui. Liga
a tomada, testa a lâmpada; arrasta mesa para um lado, e volta para o outro; espalha
as cadeiras e empilha cadeiras. Carrega telão e projetor. Testa pistola de cola
e computador. Transfere arquivo com pen drive, bluetooth, blue-ray, e até por
pensamento. Todas as tentativas eram validas, até que uma delas desse certo.
Tal como tomadas, Oz chegou ligada, em problemas e soluções. E com fios e
extensões ligadas resolveu a situação.
Com a desculpa tradicional, e com
o adiantado da hora, começou o sarau. Confrades e não confrades dividiram o
espaço. Uma miscigenação de conceitos e estilos. A confraternização ecumênica,
dos literários aos afins. Era uma reunião da SPVA, no estilo confraternização,
no pátio externo da pinacoteca (21/01/16 – Natal/RN). A presidenta fez a
abertura, e cedeu voz ao mediador.
O homem de preto com a garrafa
misteriosa, mediando e mediante a um público presente, apresentou uma poesia
moldada e influenciada com a última tecnologia, na palma da mão. Do zap zap de
grupos, fez uma bibliografia, para suas pesquisas e consultas. Com uma palavra
daqui e outra dali, de frases completas e incompletas, formou um novo texto, a
partir de uma medula espinhal, definida como coluna dorsal, na ideia de
construir seu novo texto, a partir de textos existentes e zapeados nos grupos
virtuais.
Inúmeros estiveram presentes,
ao vivo ou em vídeo. Por falta de Wi-Fi não teve presença ao vivo on line. Com
tecnologias, já não importam as distancias. E muitos ali presentes, já eram
figurinha carimbada, e amassada, enquanto outros fizeram sua aparição pela
primeira vez. Um álbum de fotos foi montado, com muitas fotos e figurinhas ainda
espalhadas, em maquinas fotográficas, celulares e redes sociais.
No estilo confraternização
anual, com troca de presentes, realizou-se uma brincadeira denominada por Oz, como
amigo culto, embora estivesse até um momento oculto, para ser declarado em
culto, diante o microfone ao público presente. A troca de escritos e livros,
com nomes e sorteios, com o tradicional papelzinho sorteado e dobrado, colocado
em um copo descartável. A estratégia de resolver problemas com táticas e
condições possíveis, as que permitiam o ambiente. Dos saberes em livros aos
sabores sobre a mesa.
O saber e o conhecimento
começam com olhares e sabores; tato e olfato. Adão e Eva foram autorizados por Deus,
assim eles escutaram. Comeram todos os frutos encontrados espalhados pelo Éden,
inclusive o fruto proibido, que mudou suas opiniões e olhares. As ofertas
oferecidas a Deus no Velho Testamento, eram alimentos, oriundos de plantações
ou criações, que simbolizavam um conhecimento, do plantar ou criar. Noé
embarcou em uma arca com seus animais, seus conhecimentos, talvez seus
alimentos.
Um dia o sal foi usado como pagamento,
de trabalhos e tarefas, e criou-se o salário com a invenção do dinheiro, a
partir de moedas. E o sal contribuiu com o sabor dos alimentos. Com pagamentos
e salários, o homem compra novos alimentos, que contribuem com saberes e
sabores, aumentando seus conhecimentos.
O descobrimento do Brasil,
aconteceu pela tentativa de chegar as índias para comprar e importar
especiarias: os condimentos, os temperos e os sabores. Portugueses disseram na
história, que descobriram o Brasil e travaram guerras e batalhas, com outros
povos europeus, que queriam as terras descobertas para plantação de cana de
açúcar, para adoçar suas vidas. Importariam seus conhecimentos, e aplicariam
nas terras.
Com sal e com açúcar, mais
outros condimentos, são criados os saberes e sabores, o denominado
conhecimento. A diversidade de ingredientes e os modelos diversos de confecção
de um prato, tal como a diversidade de conhecimentos. Com misturas e variações
de temperaturas, os saberes, revestidos de sabores, estavam dispostos sobre a
mesa.
Um romance, ou uma poesia
escrita, são modos de transmitir conhecimentos, tal como um livro de receitas.
Um soneto, ou uma sonata (só nata), funcionam como ingredientes. Degusta-se e
devora-se comidas e livros. Aprecia-se literaturas e músicas.
Dos que estiveram ali
presentes, alguns já publicaram livros. Outros tiveram a oportunidade de levar
seus conhecimentos, seus saberes, com sabores em seus pratos que foram por eles
confeccionados, com temperos e ingredientes particularmente escolhidos, e
alterações e variações de temperaturas. Independente dos ingredientes,
particularidades individuais acontecem diferenciando sabores de um ou de outro,
a partir de uma mesma receita.
Cafés nunca tem o mesmo sabor,
feitos com o mesmo pó, a mesma água, e pessoas diferentes. E poesias por
pessoas diferentes ao declamar. Por fim todos saíram saciados de saberes e
sabores, sólidos ou líquidos, escritos, lidos ou declamados.
Em 22/01/16
Roberto
Cardoso “Maracajá”
Produtor de conteúdo (Branded Content)
Texto para
Substantivo Plural
Texto disponível
em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário